50 anos de BSB - 1 ano de JV



Quando forasteiro chega à capital, desembarca num estranhamento inevitável. Minha primeira impressão foi uma avenida vazia pela tarde de domingo, meio estacionada nos anos 80 e a léguas de qualquer vida ou comércio aberto. As pousadas clandestinas da W3 Sul me abrigaram e confirmaram o imaginário corruptível que emana de Brasília nos jornais. Após um ano residindo e trabalhando na capital federal, iniciado entre eixos largos e setores racionalmente espraiados, cultivei simpatia pela tal avenida. Descobri seu mercado municipal, reportando a um Brasil quase colonial que não existiu neste interior, enquanto a hora do rush recheia as lojas e o asfalto, à espera de um veículo leve sobre trilhos que virá com a Copa de 2014. Outras descobertas foram ressignificando canções de minha adolescência. Versos de Renato Russo, como “mudaram as estações e nada mudou”, aprofundaram-se com a percepção de que aqui não há inverno ou verão. O clima desértico garante temperatura regular o ano inteiro. A única estação é a seca, entre maio e setembro, e, apesar do deserto, o camelo que Eduardo guia na música é bicicleta, na gíria do Cerrado. Há em Brasília tudo o que você ouve falar, mas seu melhor está no que você nem imagina. A maior das metáforas nasce quando se indaga um brasiliense qual o destaque desta maquete moderna, de monumentos eqüidistantes, e se ouve invariavelmente como resposta: o céu.

Comentários

  1. Lindo texto, como sempre! Gostei da metáfora que você usou de Brasília como maquete. Uma maquete cheia de vida e que recebe gente como você, cheio de sensibilidade. Parabéns...

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  2. Maizá!!! Um ano, hein? Parece pouco, mas já é muito tempo... Saudades do irmão! E parabéns pelo texto que, como sempre, está ótimo.
    E seja maquete, seja cerrado. Seja inverno ou calor do inferno, o que importa são as conquistas, que demarcam muito mais do que distâncias territoriais.
    Abração e BSB é nossa Johnny. The Walker!

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  3. depois de voltar do sweet potatoes, depois de comer amendoins que trouxe do mercado municipal de uma outra capital que me aceitou nem tao estrangeira, depois de pensar: "será q tem outros loucos que saíram daqui dessa cidade que se eu digo fui na galeteria as pessoas sabem qual é, estao por aqui"
    e encontro alguns
    e encontro este post
    e penso...
    realmente, nao se ve mais o ceu igual depois que se entende como via renato russo ou como paulo leminski lia suas ruas.
    parabéns pelo seu 1 ano! merece festinha em avenidas gigantes, tomando um chima...

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  4. Anônimo10/5/10

    JV!!!!!
    Realmente voce tem razão. Parabens pelo Texto está ótimo pois gostei, e muito. Imagine quando aportei nos arredores de BSB nos idos tempos da década de 70, vindo de Goiana-GG rumo ao Planalto Central, me deparei com a miséria, pobresa e as favelas assustavam. Mas quando se chegava no Eixão Monumental era um espetáculo significativo, Moderno, e imponente, o que causa surpresa até nos dias de hoje a qualquer novo visitante.
    Abraços do Tio JC.

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