O chamamé inacreditável de Coqui Ortiz
No Festival Del Chamamé (Foto Divulgação UNJu) |
Recebi do sempre presente amigo musical, Raul Boeira, um libelo que encheu meu mês de agosto de requinte alusivo à cultura argentina. Presenteou-me Raul com um CD do antes desconhecido, agora íntimo, Coqui Ortiz. Tal seu poderoso dom de transmutar as tardes de domingo em deleite auditivo total.
Escrevi um e-mail logo na primeira audição: “Raul, é inacreditável!”. Assim traduzi minimamente algo que tomou de assalto minha sensibilidade. Mas neste texto pretendo destrinchar a exclamação proferida.
Audição inspiradora
Coqui Ortiz faz a música que eu gostaria de fazer. Junta características folclóricas argentinas, principalmente o chamamé, a um requinte jazzístico sem igual. Canta transmitindo uma segurança de que não é preciso gritar para sensibilizar o ouvinte. Mostra o que eu já sabia, mas nunca tinha ouvido alguém fazer tão bem: que a gaita pode conferir leveza a uma canção, e não imprimir um gaitaço ou um clichê pop-regionalista como estou cansado de agüentar.
Arrisco a imaginar que alguns nomes do nativismo do Rio Grande do Sul trocam figurinhas com este argentino. Artistas admiráveis como Luiz Carlos Borges e Pirisca Grecco há muito tem inserido pitadas de jazz na música gauchesca. Mas talvez apenas Renato Borghetti tenha conquistado um amadurecimento estético comparável ao de Caqui Ortiz. (na verdade eu nem sei se os músicos se conhecem...)
Salve a independência e a rebeldia artística argentina! Podíamos começar a aprender o tratamento que eles dão ao folclore gauchesco. Ao invés de reverenciarmos bandeiras, levantaríamos novas, de tintas desconhecidas e mastros suportáveis. Não desfilaríamos um civismo gritão infantil, mas amadureceríamos um ser contemporâneo dos anseios artísticos e humanos. Menos soldado, mais contrabandista. Assim poderia ser um gaúcho feliz na arte de se compor e se representar em um palco (este último sem competição, mas com prazerosa audição).
Agora, escuta aí!
Coqui Ortiz faz a música que eu gostaria de fazer. Junta características folclóricas argentinas, principalmente o chamamé, a um requinte jazzístico sem igual. Canta transmitindo uma segurança de que não é preciso gritar para sensibilizar o ouvinte. Mostra o que eu já sabia, mas nunca tinha ouvido alguém fazer tão bem: que a gaita pode conferir leveza a uma canção, e não imprimir um gaitaço ou um clichê pop-regionalista como estou cansado de agüentar.
Arrisco a imaginar que alguns nomes do nativismo do Rio Grande do Sul trocam figurinhas com este argentino. Artistas admiráveis como Luiz Carlos Borges e Pirisca Grecco há muito tem inserido pitadas de jazz na música gauchesca. Mas talvez apenas Renato Borghetti tenha conquistado um amadurecimento estético comparável ao de Caqui Ortiz. (na verdade eu nem sei se os músicos se conhecem...)
Salve a independência e a rebeldia artística argentina! Podíamos começar a aprender o tratamento que eles dão ao folclore gauchesco. Ao invés de reverenciarmos bandeiras, levantaríamos novas, de tintas desconhecidas e mastros suportáveis. Não desfilaríamos um civismo gritão infantil, mas amadureceríamos um ser contemporâneo dos anseios artísticos e humanos. Menos soldado, mais contrabandista. Assim poderia ser um gaúcho feliz na arte de se compor e se representar em um palco (este último sem competição, mas com prazerosa audição).
Agora, escuta aí!
Aqui registro um detalhe muito importante, informado após a publicação deste texto:
ResponderExcluir- quem passou o CD do Coqui Ortiz ao Raul Boeira foi o grande Renatão Justi.
Obrigado Renatão! Mais um relíquia, da sua coleção, a que temos acesso!
Texto poderoso, monumental! Agora vou conferir a música. Parabéns!
ResponderExcluirMuchas gracias Sueli!
ResponderExcluirEspero que gostes também do Ortiz.
Abraço!
Fiquei Curioso
ResponderExcluirMuito bom texto JV! Parabéns!
ResponderExcluirAdorei! Tudo o que escreveste sobre a música, sobre o instrumental, sobre o tom de voz, enfim tudo, tudo é verdade. Esse Raul Boeira que passou essa beleza pra ti tem um tremendo bom gosto, não? Sou fã dele.
ResponderExcluirAINDA BEM QUE NOS COMENTARIOS FOI CORRIGIDA A FALHA, POIS JÁ ESTAVA ACIONANDO O FEDERAL, PRA PRENDER ESTE ROUBO,DO RAUL.AINDA EXISTE CONTROLE DOS DIREITOS AUTORAIS...
ResponderExcluirQUERIDO AMIGÃO E MEU CHEFE, JÁ FAZEM MAIS DE ANO QUE TENHO, OS DOIS CDS DE COQUI, UM VEIO DIRETO DA ARGENTINA DE UM AMIGO MUSICO DE GISELA MENDES RIBEIRO. BEM JÁ TE FALEI, TU NÃO SABE O QUE TA PERDENDO... NAS ÚLTIMAS HORAS ADQUIRI MAIS DE 80 CDS DO FOLCKORE ARGENTINO, EU TÔ UM MONSTRO, MAS QUERO DIVIDIR COM AMIGOS... POR EXEMPLO: TODA DISCOGRAFIAS DE MERCEDES SOSA(55 CDS),TERESA PARODI(37), ANTONIO TARRAGO ROS(47), SOLEDAD(11), A MAIS ESTAS RELIQUIAS COMO A COQUI ORTIZ. ESTOU PROCURANDO SABER PORQUE ELE NÃO MOSTRA O ROSTO, AINDA NÃO O CONHEÇO.HA TUDO O QUE O RAUL TEM DE BOM FOI EU QUE LHE DEI... PEDE PRA ELE UM TAL DE VIOLIONISTA "MATEO VILLALBA", OU VEM AQUI EM CASA VER, TENHO 8 DELE. BOM UM ABRAÇO, TE ESPERO E TAMBEM OS TEUS INTERNAUTAS INTERESADOS.
João Vicente,
ResponderExcluiro Coqui Ortiz está Myspace:
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendID=370591635
Abraços
Zé Lima
Gente! agradeço os elogios e me desculpo com o Renatão.
ResponderExcluirVamos ouvir mais CDs dos castelhanos então!
abraços