Identidade e diferença na canção latino-americana
"Identidade e diferença na canção latino-americana" é o título de um livro lançado recentemente pela editora USP. Trata-se de um compêndio de artigos acadêmicos, entre os quais está um escrito por este blogueiro que vos comunica periodicamente sobre questões relacionadas à música e à cultura.
Organizado por Júlio César Suzuki e Valterlei Borges de Araújo, a coletânea contém artigos sobre Caetano Veloso, Chico Buarque, entre outros temas. São diversas leituras sobre as múltiplas possibilidades de constituição do cancioneiro latino-americano. Os autores são oriundos de instituições universitárias da Colômbia e de três regiões brasileiras: Nordeste, Sul e Sudeste.
Baixe aqui o livro, no site da editora USP.
No meu artigo, Ambivalência do conceito de hibridismo na canção latino-americana: a cultura contemporânea entre paradigmas de aderência e ruptura, apresento uma análise crítica sobre o conceito de hibridismo. Para tanto, dialogo com autores dos estudos culturais e proponho duas categorias de hibridismo: aderente e generativo.
Resumo: o hibridismo enquanto conceito ambivalente possibilita leituras de manifestações culturais contemporâneas que não se esgotam na positividade do encontro estético. Esgarçando suas possibilidades e propondo duas variações que funcionam como categorias de análise, pode-se compreender canções latino-americanas no contexto de globalização, entre a aderência e a ruptura. Para isto, propõe-se superar antinomias como a de pastiche e vanguarda, ou tradição e modernidade. Considerando experiências da música popular latino-americana frente aos processos globais atuais, abarca-se tanto o sincretismo e a mestiçagem, enquanto processos de criação, quanto a perspectiva comunicacional da redundância e da aderência às linguagens e referenciais correntes. Afinal, boa parte da cultura contemporânea e das canções latino-americanas são constituídas nesta ambivalência de forma indissociável.
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Canções de persistência - reportagem no Jornal do Comércio
Leia abaixo um trecho do artigo:
Caso emblemático e controverso ocorreu em 2005 envolvendo um cancionista latino-americano e a chamada indústria cultural em sua mais exemplar expressão, o prêmio Oscar do cinema estadunidense. O uruguaio Jorge Drexler ganhava o primeiro troféu na história para uma canção em língua espanhola, por Al Otro Lado Del Rio, composta para a trilha do filme Diários de Motocicleta (Walter Salles, 2004). Ao subir no palco para agradecer o prêmio mais badalado do cinema, Drexler não falou, apenas cantou à capela a composição laureada, em protesto por ter sido substituído na performance protocolar da cerimônia pelo ator espanhol Antonio Banderas. No âmbito político, pode-se observar que naquela premiação a indústria abria-se de forma inédita à diversidade cultural, incluindo hispanohablantes. Mas, ao mesmo tempo, excluía do roteiro do programa de televisão –que é a cerimônia de entrega, um latino-americano desconhecido...
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