Guia musical do veranista no Uruguai
Este não é Drexler, nem Zelito, mas pode ser tu |
O fundamental nesta viagem será a trilha sonora. Não importa a mídia. Os dois itens básicos do veranista no Uruguai em 2015 são dois discos recém lançados. Primeiro, o premiado com o Grammy Latino Bailar en La Cueva do montevideano Jorge Drexler, pra dançar do início ao fim. Segundo, o lançamento independente Vitamina A2 do sul-rio-grandense Zelito, para embalar os fins de tarde.
Comece pelo disco de Drexler, que é de novo o melhor de sua carreira (até que ele grave o próximo). Sempre se reinventando, como um tropicalista (ou templadista), o uruguaio apostou desta vez na dança para guiar sua inventividade. Reduziu o tamanho das letras, caprichou na produção, visando as pistas de clubs e cabarés. Caiu muito bem para uma jornada litorânea de verão.
Se comparado ao álbum anterior, Amar La Trama (2010), este é de fruição mais fluida, pois estimula não só os ouvidos, mas o corpo. Impressiona a diversidade de texturas elaboradas com esmero para cada música, a maioria resultado de arranjos de percussão com instrumentos latinos, principalmente colombianos. Foi no país da cúmbia que o uruguaio produziu e gravou. Aproveitou e convidou a banda Bomba Estéreo daquele país pra participar, ao lado da cantora franco-chilena Anita Tijoux, o porto-riquenho Eduardo Cabra e o brasileiro Caetano Veloso.
Presta atenção, veranista. O disco do Drexler é para os momentos mais ligeiros, mais festivos. Se ainda não está acompanhado, invista nesta audição. Agora, pros momentos mais a dois, a receita é Vitamina A2, do Zelito.
O músico de Santo Antônio da Patrulha já foi assunto aqui no blog em 2012. Agora, com o lançamento do segundo disco, reafirma a que veio: para encher de novas idéias a música do Prata. O compositor do litoral é um hit maker. Vitamina A2 é romântico e pop. Dá pra cantar junto cada faixa: “Sinto o calor da tua boca em cada mate” (Acesa); “Buena estrella rouba a cena, companheira pelas madrugadas” (Sentidos).
Vista da Rodovia 9, entre Chuy e Punta Del Diablo |
Além das múltiplas habilidades musicais, o cantautor tem o poder de agregar. Mostra disso está nas participações do álbum, com Pablo Grinjot e Pirisca Grecco, dividindo vocais, e Dany Lopez e Hugo Fattoruso, nos pianos e teclados. Outro convidado é Paulinho Goulart, que imprime uma gaita sutil, melódica. Inspira um ar regional sem torcer o nariz dos menos chegados.
Merece menção a versão de Maestra, parceria com o uruguaio Daniel Drexler (irmão de Jorge), já gravada no disco Mar Abierto. Arranjo bossa nova, com piano e vassourinhas cool jazz na bateria. No mesmo clima, Solidão da Barra, com solo genial de harmônica (“Solidão é a imensidão da praia sem você, que teima habitar o meu peito e o pensamento”).
O disco encerra com Mi, de milonga (“Você foi se embora sem se despedir, Mi, longa saudade de ti”). Será só um amor de verão? Se for, em 2015, Zelito promete lançar novo álbum. Desta vez com a produção de Ian Ramil. Outro veraneio à vista!
Punta Del Diablo |
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