"Acho que no Rio Grande do Sul estamos num vivo processo de nos livrarmos de velhos pontos de vista"
O cantautor Vitor Ramil fala da "Estética do Frio" à Revista do Instituto Humanitas da Unisinos. Não havia hora mais propícia: em plena chegada do verão, quando a alteridade se exacerba.
Confira trechos:
Acho que no Rio Grande do Sul estamos num vivo processo de nos livrarmos de velhos pontos de vista.
O tropicalismo reagiu ao viés esquerdista–nacionalista da música brasileira da época, que fatalmente engessaria o ambiente de invenção estabelecido pela bossa nova. Também a estética do frio começou reagindo a um estado de coisas em tudo imobilizador.
Leia aqui na íntegra a entrevista.
Leia aqui trecho do artigo "A Estética do Frio".
Em Copacabana, num dia muito quente do mês de junho (justamente quando começa o inverno no Brasil), eu tomava meu chimarrão e assistia, em um jornal na televisão, à transmissão de cenas de um carnaval fora de época, no Nordeste, região em que faz calor o ano inteiro (o carnaval brasileiro é uma festa de rua que acontece em todo o país durante o verão). As imagens mostravam um caminhão de som que reunia à sua volta milhares de pessoas seminuas a dançar, cantar e suar sob sol forte. O âncora do jornal, falando para todo o país de um estúdio localizado ali no Rio de Janeiro, descrevia a cena com um tom de absoluta normalidade, como se fosse natural que aquilo acontecesse em junho, como se o fato fizesse parte do dia-a-dia de todo brasileiro. Embora eu estivesse igualmente seminu e suando por causa do calor, não podia me imaginar atrás daquele caminhão como aquela gente, não me sentia motivado pelo espírito daquela festa.
Foto: Ana Ruth
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