O maravilhoso circo dos Almôndegas
Têm-se como verdade que Sá, Rodrix & Guarabyra inauguraram o rock rural setentista brasileiro. Na cola dos mineiros, vieram uns gaúchos “a la fresca” que também traduziram a vontade de tocar guitarra em um som regional acústico. De Pelotas (fundo do quintal do país), despontaram para o mercado festivaleiro e fonográfico da época, os manos Kleiton e Kledir e companhia, cantando vento negro, androgenias, piquetes de caveiras, alhos e bugalhos.
Reunidos no grupo Almôndegas, viveram artisticamente uma época de ascensão tecnológica e conseqüente deslumbramento ficcional científico. Enquanto David Bowie flutuava em um futurismo global, os gaúchos manifestavam sua psicodelia olhando para o sul.
Careta não!
Seu quarto e derradeiro álbum, Circo de Marionetes, de 1978, é o ápice de uma estética pop-rock maliciosa e inventiva, quase antropofágica. Comparado a esse disco, tudo o que veio depois parece muito careta, incluindo a carreira de sucesso da dupla Kleiton & Kledir na década de 1980.
O regionalismo almôndega não carregava ranços puritanos. Prova simbólica disto está na primeira faixa de Circo de Marionetes: “Céu do Rio de Janeiro”. Assim como suas milongas e chamamés, gravados com linhas de contra-baixo roqueiro.
Reunidos no grupo Almôndegas, viveram artisticamente uma época de ascensão tecnológica e conseqüente deslumbramento ficcional científico. Enquanto David Bowie flutuava em um futurismo global, os gaúchos manifestavam sua psicodelia olhando para o sul.
Careta não!
Seu quarto e derradeiro álbum, Circo de Marionetes, de 1978, é o ápice de uma estética pop-rock maliciosa e inventiva, quase antropofágica. Comparado a esse disco, tudo o que veio depois parece muito careta, incluindo a carreira de sucesso da dupla Kleiton & Kledir na década de 1980.
O regionalismo almôndega não carregava ranços puritanos. Prova simbólica disto está na primeira faixa de Circo de Marionetes: “Céu do Rio de Janeiro”. Assim como suas milongas e chamamés, gravados com linhas de contra-baixo roqueiro.
POrPetas
Os Almôndegas não precisaram vestir bombachas para criar algo original. Apenas cantaram cenas de sua infância, quando eram “guris verdes como o mato”, como o verso da faixa “Cascata”. No mesmo álbum saudaram “alô, buenas” e na faixa seguinte comemoraram “yeah, yeah”.
Ao ouvir as remasterizações dos álbuns desse grupo, lançadas em CD recentemente e à venda nas melhores e piores casas do ramo (as que restaram!), pode-se ter a impressão de não ser verdade. Primeiro estranha-se a qualidade obtida dos LPs através do processo digital. Segundo, quem não viveu ou ouviu falar do início da carreira de Kleiton & Kledir (a maioria), se espanta. Terceiro, é difícil acreditar que depois que a indústria fonográfica lançou aqueles discos, ela tenha regredido na originalidade de seus produtos. Por fim, como aconteceu comigo, fiquei indignado por não ter conhecido aquilo antes!
Recomendo
Entonces, preciso reiterar que eu recomendo a audição dos discos destes psico-gaudérios-setentistas?
Que os deuses da música olhem para o Rio Grande do Sul e ajudem, através da posição dos astros, para que surja algo parecido nos próximos anos. Apesar que não reclamo da música original do final do século XX (Bebeto Alves, Vitor Ramil, Nei Lisboa, etc.). Muito pelo contrário! Mas o colorido daquela época nos faz falta, às vezes, em meio a debates e definições rígidas sobre a arte sulina.
Muito bom! Gostei do blog, as fotos são incríveis. É a primeira vez que vejo o Rio Passo Fundo de uma forma tão bonita, dá até pra duvidar.
ResponderExcluirE sobre o post, tomara mesmo que coisas como o Almôndegas se repitam...Bah, estava pensando em fazer um blog pro Segundo, e o teu me animou ainda mais ;)
Até logo
Abraços, Marina.
Permita-me discordar de "tudo o que veio depois parece muito careta, incluindo a carreira de sucesso da dupla Kleiton & Kledir na década de 1980.". Existe na obra de K&K algo de original que os faz tocar até hoje com a mesma atualidade e originalidade ímpar.
ResponderExcluirFora isso, gostaria de acrescentar que a SAUDADE é que é a marca desse comentário brilhante. Não acredito que vivamos pra ver novamente tempos tão criativos e experimentais como esses dos Almôndegas!(não existe possibilidade econômica $$$$$ pra isso!Ninguém bancaria um trabalho bom mas não comercial como esse) Conheci a obra deles recentemente, pois sendo de Sampa, só se ouviu por aqui a Canção da Meia Noite ( claro!)
Esse Brasil é muito grande!!!!!!!!!Grande DEMAIS!
De toda forma, obrigada por trazer à tona esses pilares da MPB!!!!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirRose
ResponderExcluirVeja só como as coisas tomam uma dimensão particular. Pra mim, o "tudo" que veio depois dos Almôndegas não inclui o Brasil. Falava apenas de RS. Mas não havia percebido... estarei eu bitolado nesse submundo?
Concordo com você que K&K fizeram discos ótimos, mas jornalista, sabe como é... gosta de generalizar para causar impacto... hehe
obrigado pela crítica!
João!
ResponderExcluirBelo texto senhor. Alegra os que conhecem e instiga os até então "alienados".
O blog está bom e que bom que tu inseriu este negócio de comentário.
Bem que tu podia mandar ver em um resgate textual da música feita aqui na cidade né? Os bares da Morom, os botecos mil que existiam em Passo Fundo até o início dos anos 90...
Fica aí a sugestão.
Hasta.
DB.
Sou novato no blog. Descobri por acaso porque joguei o nome de Almôndegas no google e vim parar aqui. Gostei do formato do blog. De bom gosto. O texto sobre o grupo também.
ResponderExcluirMoro em Brasília. Sei da baada há quatro ou cinco anos. Baixei todos os discos da banda. Feliz é o RS que deu um talento deste para o mundo.
Tudo de bom sempre!
Aroldo José Marinho
welcome, Harold!
ResponderExcluirConvido a acompanhar nos próximos dias os preparativos e a cobertura da jornada por Cosquín, onde iremos prestigiar o maior festival do cancioneiro popular argentino.
obrigado pelo comentário!
o que eu estava procurando, obrigado
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